Muitas substâncias psicoativas têm origem numa diversidade de plantas naturais, entre elas, existe um subgrupo de vegetais que contêm alcalóides, os quais atuam como alucinógenos naturais. Tal como é o caso da psilocibina, beladona, mandrágora ou da mescalina, a qual abordaremos mais detalhadamente no decorrer deste artigo.
O que é a Mescalina?
A Mescalina é um alcalóide encontrado em plantas cactáceas, tal como o Cacto Peyote (Lophophora Williamsii) e o Cacto de São Pedro (Echinopsis Pachanoi). Trata-se de uma substância alucinógena (tecnicamente designada Psicodélica), a qual integra diversas práticas de cultos há mais de 5700 anos e, posteriormente, tornou-se famosa um pouco em todo o mundo, sobretudo nos anos 60 e 70 pela cultura Hippie.
Original de plantas de cactos nativos do México, sudoeste dos Estados Unidos e América do Sul, a mescalina pode ser utilizada mediante infusão, em pó ou ao mastigar os seus botões, pequenas protuberâncias que se formam no cactus.
Possíveis aplicações terapêuticas?
A sua estrutura química é semelhante à de outros neurotransmissores como a dopamina, a qual exibe também uma peculiar propriedade de atuar em recetores serotoninérgicos (5-hidroxitriptamina ou 5-HT). Sendo este um dos fatores que motiva investigadores a estudar o possível uso da Mescalina em certos distúrbios psiquiátricos, apresentando uma elevada esperança no tratamento da depressão, alcoolismo, PTSD (perturbação de stress pós-traumático), entre outros transtornos.
Apesar da pesquisa sobre o potencial psicoterapêutico da mescalina ainda ser limitada, estudos sugerem que esta substância pode ainda aumentar o fluxo sanguíneo e a atividade no córtex pré-frontal do cérebro, responsável pelo planeamento, resolução de problemas, regulação emocional e comportamentos.
Efeitos da mescalina
A Mescalina fornece efeitos do tipo psicodélicos ou visuais. Apesar de ser cerca de 1000 a 3000 vezes menos alucinógena que o LSD (Dietilamida do Ácido Lisérgico) e 30 vezes menos potente que a Psilocibina, esta manifesta efeitos de forma mais duradoura cujo a sua duração oscila entre 3 e 12 horas.
E tal como os demais psicodélicos, a mescalina apresenta uma ampla diversidade de efeitos e distorções tanto fisicamente como nos processos mentais, tais como:
- Euforia, alegria ou inclusive ansiedade;
- Alterações a nível visual e sonoro;
- Alteração na perceção e na compreensão do espaço-tempo;
- Estado de concentração e introspecção profundos;
- Estimulação dos 5 sentidos;
- Aumento da temperatura corporal;
- Aumento do ritmo cardíaco e frequência respiratória;
Possíveis efeitos colaterais
No entanto, após o seu uso, este alcalóide pode proporcionar alguns dos sintomas induzidos sobretudo pelos neurotransmissores adrenalina e noradrenalina, tais como:
- Ansiedade
- Náuseas
- Tontura
- Taquicardia
- Boca seca
- Dilatação das pupilas
- Aumento da temperatura corporal
- Compromete a coordenação motora
- Pode aumentar a pressão arterial
- Refluxo
- Aumento da pressão arterial
Um maior risco associado ao uso da mescalina e em geral das substâncias psicodélicas, estão relacionadas com as predisposições genéticas ou psicológicas a desordens mentais como a esquizofrenia ou a psicose. Recomenda-se assim, investigar o histórico familiar e em caso de existência similar às descritas anteriormente, evitar a experiência.
Ao mesmo tempo, pessoas que estão em risco de problemas psicológicos como transtornos de humor ou esquizofrenia, podem desenvolver e potenciar tais condições após a ingestão de mescalina. Sendo assim, é muito importante ter em consideração estes fatores e agir sempre em conformidade e segurança.
Quanto tempo pode permanecer a mescalina no organismo?
O intervalo de tempo exato no qual a mescalina pode permanecer no organismo humano é relativo, sendo que pode variar consoante determinados fatores como a massa corporal, o metabolismo do indivíduo, o nível de hidratação e a sua saúde em geral.
Porém, sabe-se que a mescalina poderá ser detetada na urina por 2 a 3 dias e por até 90 dias através de testes de folículo piloso.
Legalidade da mescalina em portugal
A mescalina, normalmente obtida através do Cacto Peyote ou do Cacto São Pedro, possui o alcalóide psilocibina, o qual apresenta uma estrutura semelhante à da serotonina, no entanto, ao transformar-se em psilocina (tal como em caso de ingestão, devido ao ácido gástrico) esta substância torna-se alucinógena.
Os alucinógenos podem ser divididos, estruturalmente, em duas classes: triptaminas e feniletilaminas (também chamadas de fenetilaminas). A mescalina forma parte do grupo das feniletilaminas. Dentro do grupo das triptaminas encontra-se por exemplo a psilocibina e a dimetiltriptamina.
Pelo que, em Portugal, a mescalina é considerada uma substância ilegal. A qual, de acordo com a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL), encontra-se na TABELA II-A de substâncias ilícitas consideradas como estupefacientes ou substâncias psicotrópicas.