Quando se cultiva cannabis, cada detalhe conta. Desde a genética da semente até à luz, rega ou nutrientes, tudo influencia a estrutura e o rendimento final da planta. Entre os conceitos mais importantes para compreender o crescimento do cannabis estão o nó e o entrenó, assim como a distância internodal. Estes três são fatores-chave que determinam a forma, tamanho e produtividade de cada exemplar.
O que são o nó e o entrenó numa planta de cannabis
O nó é o ponto de crescimento essencial. É o ponto do caule onde nascem os ramos laterais e as folhas, ou seja, é a união entre os ramos e o caule principal ou entre um ramo e os seus novos brotos. À medida que a planta cresce, vai formando novos nós de forma alternada ou simétrica, consoante a fase e a genética.
Nestes pontos também podem surgir os primeiros sinais do sexo da planta. Se encontrarmos dois pelos brancos finíssimos a sair do nó, estamos a falar dos pistilos. Neste caso, a planta será feminina. Se, pelo contrário, encontrarmos um pequeno cacho semelhante a um conjunto de bagos, chamado saco polínico, a planta será masculina.
Nos nós concentram-se tecidos meristemáticos, responsáveis pelo crescimento e ramificação. Por isso, cada nó é uma oportunidade de desenvolvimento: dele pode surgir um ramo, uma flor ou até um clone viável se for cortado corretamente.
O entrenó é o segmento do caule que separa um nó do outro, ou seja, o espaço entre nós. Embora possa parecer uma simples distância, a sua extensão tem grande importância. Uma planta com entrenós curtos será mais compacta e frondosa; em contrapartida, uma planta com entrenós longos alonga-se mais e adota uma estrutura mais aberta.
A distância internodal, por conseguinte, descreve a extensão entre nós consecutivos, estando diretamente relacionada com a genética, intensidade luminosa, temperatura e outros fatores ambientais.

A distância internodal: o indicador de um crescimento equilibrado
A distância internodal é a medida que permite avaliar se a planta de cannabis está a crescer de forma equilibrada ou se está a receber sinais ambientais que a fazem alongar-se mais do que o necessário.
Quando os cultivadores observam uma distância internodal curta, interpretam-na geralmente como um sinal positivo: indica boa iluminação, genética compacta e controlo adequado do ambiente. Pelo contrário, distâncias internodais longas podem alertar para excesso de calor, falta de luz ou fotoperíodo inadequado.
Fatores que afetam a distância internodal
A distância internodal não é aleatória: é influenciada por vários fatores que intervêm no desenvolvimento do cannabis. Compreender quais elementos a modificam permite manter um crescimento equilibrado e aproveitar ao máximo o potencial de cada planta. A seguir, detalhamos os principais fatores que afetam a distância internodal e como geri-los no cultivo.
- Genética: as índicas tendem a ter entrenós mais curtos, formando plantas baixas e densas. As sativas, pelo contrário, desenvolvem distâncias internodais amplas, conferindo um porte alto e elegante.
- Luz: a intensidade e o espectro luminoso são determinantes. Luz fraca ou mal distribuída faz com que a planta busque a fonte de luz, alongando os entrenós.
- Temperatura e humidade: excesso de calor ou humidade elevada podem estressar o crescimento e alterar o desenvolvimento internodal.
- Nutrientes e rega: tanto a falta como o excesso de nitrogénio podem modificar a distância internodal e afetar a resistência do caule.
- Treino e poda: técnicas como LST (Low Stress Training) ou topping atuam diretamente sobre os nós e entrenós, redistribuindo a energia de crescimento.

Como controlar a distância internodal para melhores colheitas
A chave para dominar o crescimento do cannabis está em manter uma distância internodal equilibrada. Medir a distância internodal é simples: basta usar uma régua ou fita métrica e calcular a distância entre dois nós consecutivos do caule principal.
Em plantas jovens, a distância internodal tende a ser curta (1–3 cm), enquanto em exemplares de crescimento vigoroso pode ultrapassar 5 cm. Registar estas medidas regularmente ajuda a detectar desequilíbrios e ajustar as condições antes que afetem o desenvolvimento geral.
Isto não só melhora a aparência geral da planta, como também otimiza a produção de flores ao permitir melhor distribuição da luz e do ar entre os ramos.
Ajustar a luz e a distância da planta
Uma luz posicionada demasiado longe provoca o alongamento excessivo dos entrenós. Por outro lado, se estiver demasiado próxima, as folhas podem queimar-se ou mostrar stress luminoso. A posição ideal depende do tipo de lâmpada (LED, HPS, CMH, etc.), mas o importante é manter um equilíbrio entre intensidade e temperatura para favorecer uma distância internodal uniforme.
Regular a temperatura e a ventilação
Manter uma temperatura diurna entre 24 e 28 °C e noturna em torno de 18-20 °C ajuda a estabilizar o crescimento. A circulação constante de ar também fortalece os caules e melhora a estrutura dos nós e entrenós, evitando que se alonguem em excesso.
Nutrição adequada
Um excesso de nitrogénio pode provocar entrenós demasiado longos, especialmente durante a fase vegetativa. Utilizar fertilizantes equilibrados e de qualidade permite manter os entrenós curtos e os nós mais fortes, capazes de suportar o peso das flores na floração.
Nós e entrenós: como influenciam a forma da planta
As plantas com nós e entrenós curtos tendem a formar uma copa densa, ideal para cultivo indoor onde o espaço é limitado. Por outro lado, plantas com distância internodal ampla desenvolvem uma estrutura mais alta e arejada, mais adequada para exterior ou para técnicas específicas de treino.
Conhecer bem a posição de cada nó e entrenó da planta é essencial para aplicar corretamente podas como o topping, o fimming ou o super cropping. Estas técnicas permitem modificar a forma da planta e estimular o crescimento lateral, aproveitando os nós para criar novos pontos de floração.
No indoor, onde a luz artificial imita o sol, controlar a distância internodal é fundamental para evitar que as plantas toquem na lâmpada ou compitam pela luz. Uma boa gestão de nós e entrenós garante um crescimento harmonioso, uma distribuição uniforme da energia e flores mais homogéneas.

Como aproveitar o conhecimento de nós e entrenós
Compreender a função do nó e do entrenó não só melhora a técnica de cultivo, como também permite personalizar cada cultivo consoante o espaço, a genética e o objetivo do cultivador.
Controlando a distância internodal, é possível direcionar a energia da planta para uma estrutura mais robusta, capaz de suportar flores mais pesadas e de receber melhor a luz.
Vantagens de um controlo adequado
- Maior uniformidade e estética da planta.
- Flores mais grandes e homogéneas.
- Melhor aproveitamento do espaço e da luz.
- Menor risco de fungos e humidade devido à densidade excessiva.
O nó e o entrenó são muito mais do que simples partes do caule. São indicadores naturais do desenvolvimento da planta e da adequação do ambiente de cultivo.
A distância internodal, por sua vez, resume o equilíbrio entre genética, luz, temperatura e nutrição. Conhecer e gerir estes conceitos permite obter plantas mais controladas, resistentes e produtivas, otimizando cada fase do cultivo.
Em resumo, entender a relação entre nó, entrenó e distância internodal é fundamental para alcançar colheitas de cannabis mais abundantes e de melhor qualidade.





